quarta-feira, 12 de agosto de 2009

11 de agosto: dia de pintar a cara

Denise Pessôa*

Hoje, 11 de agosto de 2009, quando comemoramos mais um Dia do Estudante, quero lembrar de outro 11 de agosto: aquele vivido em 1992. Foi nesse dia que a União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou a massa estudantil e todo o povo brasileiro a vestir-se de luto, em protesto contra a onda de corrupção em que estava envolvido o presidente Fernando Collor de Melo. Naquele dia, o então presidente da UNE, Lindberg Farias, lançou a palavra de ordem "Fora Collor!", bradada em coro por milhares de estudantes que, vestidos de preto e com os rostos pintados de verde e amarelo, pediam o afastamento do presidente da República, após um ano e meio de governo.

Apesar do discurso progressista e moralizador, o governo Collor foi palco de sucessivos escândalos de corrupção envolvendo, principalmente, o empresário Paulo César Farias, tesoureiro de sua campanha eleitoral e protagonista do episódio conhecido como "esquema PC".

Na educação, o carro chefe daquele governo era a veemente ameaça do fim da universidade pública e gratuita. Em função da evidente prática de corrupção combinada com a política de privatizações, o movimento estudantil iniciou uma série de mobilizações contra as políticas econômica e educacional de Collor e seus apoiadores.

Diante das evidências contra o chefe da nação, a Câmara Federal recebeu uma petição pelo seu afastamento assinada pelos presidentes da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Barbosa Lima Sobrinho, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Levanere, da CUT, Jair Meneguelli, e pelo presidente da UNE. No dia 1º de junho, o Congresso instaurou uma CPI para investigar o esquema de corrupção institucionalizada envolvendo o presidente da República.

Em um protesto indignado contra os escândalos de corrupção, naquele 11 agosto uma multidão de estudantes saiu às ruas exigindo o impeachment de Collor e espontaneamente pintou as caras de verde e amarelo.

Hoje, no mesmo dia e mês, mas 17 anos depois, o Rio Grande do Sul vive algo bem semelhante ao que o Brasil vivia na época. O movimento estudantil já vem protestando há algum tempo contra o governo estadual, mas é necessário envolver mais estudantes e a sociedade como um todo. As manifestações são contra essa política econômica que prima pelo "déficit zero" na saúde, na segurança, na educação. E por falar em educação, que política educacional é esta? É a política de ameaça constante de fim da universidade pública e gratuita estadual, a UERGS, é a promoção do empilhamento de alunos, é a política da falta de professores e funcionários. Mais do que isso, é a política de desvalorização dos educadores, uma vez que não se quer pagar o piso salarial e nem debater democraticamente o plano de carreira.

Se já não bastassem essas "coincidências" entre Collor e Yeda, ainda existem profundos indícios de corrupção que marcam o atual governo do estado.

Bom, a CPI agora foi instaurada. Basta saber se os gaúchos terão o mesmo discernimento dos brasileiros de 1992.

Estudantes, é hora de pintarmos a cara novamente e lutarmos pelo bem do nosso estado. É hora de honrarmos nossa história e bradarmos: Fora Yeda!

* Vereadora do PT de Caxias do Sul.

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