sábado, 31 de maio de 2008

Minha vida - terceiro capítulo

Não foi fácil militar e muito menos fazer faculdade, morando no Garbim, São José. Pegar uma hora de condução para atravessar a cidade é dose, mas eu não tinha escolha. Sempre trabalhei o que me fazia, também, estar sempre correndo. Trabalho – UCS – Campus 8 – Casa... Haja tempo e pernas pra tudo isso? Mas já dizem que quem faz muitas coisas, sempre consegue tempo para mais. Dessa regra, eu não fujo, por que ainda participei de teatro, dança, natação, musculação, curso de língua de sinais (Libras), participei também de pesquisas na área de habitação da cidade numa ONG, ajudo na Amob Garbim, participo do Partido dos Trabalhadores, na Setorial de Juventude, na Setorial de Mulheres e na Setorial de Cultura, festas, encontros com os muitos amigos... Coisas que tod@s os jovens fazem e outras, que nem todos/as.

Em 2006, fui ao meu primeiro EREA (Encontro Regional de Estudantes de Arquitetura) em Porto Alegre. Adorei!! Conheci uma galera muito legal! Grilada com o mundo atual. Discutimos Reforma Urbana, Universitária, Planejamento de Cidade, Estágios, Escritórios Modelos... No último dia, recebi a indicação para a Fenea (Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura), na Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão (Diepe). Fiquei muito feliz, fui a primeira aluna da UCS a entrar na Fenea. A partir daí conheci muitos lugares do Brasil, onde desenvolvi trabalhos, dos quais me orgulho muito. Essa área de Extensão, relação com a Comunidade, onde a Academia e a Vida Real se encontram é algo que realmente me fascina. Aprendi e ensinei a sermos protagonistas enquanto jovens e arquitetos. Trabalhar no sentido da emancipação, do empoderamento, do aprender para libertar, da retomada da dignidade enquanto ser humano... Na UCS, tive oportunidade de trabalhar um pouco de tudo isso que vive, seja na Coordenação de Extensão do DCE, seja internamento no Curso de Arquitetura e Urbanismo, seja no Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da UCS, onde desenvolvemos trabalhos com comunidades.
E a história continua no próximo capítulo.

sábado, 24 de maio de 2008

Minha vida - segundo capítulo

Cansei daquilo tudo e resolvi trocar de Curso. Bom, fui num cursinho e me ofereci para trabalhar em troca de algumas aulas. Deu certo! Passei para Arquitetura e Urbanismo! Sempre gostei de Arte, criatividade e liberdade de expressão. Confesso que no início, não via maneira de mudar o mundo fazendo Arquitetura, mas pensava que podia dar minha contribuição fora da área e o curso agiria quase que como uma terapia, um espaço para me encontrar e me expressar, afinal gostava muito daquilo, além de uma maneira de se sustentar.

Surpresa grata foi, quando logo no início, fui identificando funções sociais ao Curso e desde lá sou apaixonada pela Arquitetura e Urbanismo. Compreendi que minha busca por conhecimento precisava de uma razão coletiva. No Curso, participei do Diretório Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo, por duas gestões, das quais muito me orgulho. Acredito que desenvolvemos um trabalho que fortaleceu a unidade do Campus 8, bem como a compreensão do ser humano como um todo que precisa se ligar em todos os temas e não se fechar no seu curso, no seu mundinho. Apresentamos a cidade com todos os seus problemas aos alunos e nos reconhecemos como parte dela.

Estive em três gestões do Diretório Central de Estudantes, onde aprendi muito sobre participação, organização e educação. Certamente, também ensinei, afinal são trocas que optamos em fazer. E como foi difícil se fazer presente e atuante no DCE! Como se não bastasse a distância física (Campus 8 – UCS), ainda tínhamos muitas diferenças internas, normais para uma sociedade tão heterogênea. Certamente, o que nos fez ter destaque enquanto gestão foi o comprometimento com o coletivo e o sentido de respeito a nossa diversidade. Sempre buscamos instigar a cidadania em todos/as alunos/as, criando maneira de participação e democracia na Universidade, seja pela discussão do Orçamento da UCS, seja pelas Diretas para Reitor e diversos plebiscitos etc.
Fique ligado no próximo capítulo.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Minha vida em capítulos

Eu nasci em Caxias do Sul, em uma família de classe média. Minha mãe é professora da Rede Municipal, e meu pai é construtor civil. Ambos sempre foram envolvidos com projetos coletivos. Minha mãe foi diretora da Escola Padre Antonio Vieira, durante 12 anos, trabalhando a escola vinculada a comunidade e suas realidades, e meu pai sempre participou da Diretoria da Associação de Moradores do Bairro Garbim, além de também fazer parte da UAB (União de Associações de Bairros) por algumas vezes.

A nossa vida nunca foi com luxos, muito pelo contrário. O dinheiro sempre foi contado. Meus irmãos e eu estudamos na Escola Pe. Antonio Vieira durante o Ensino Fundamental. Moramos em casa própria, construída com muito esforço pelos nossos pais. Não tínhamos condições de ter televisão colorida e telefone, e meus pais só compraram quando éramos já adolescentes. Enfim, vivíamos com um pouco de dureza e um pouco de conforto.

Estudamos, minha irmã gêmea e eu, nas mesmas escolas durante o período escolar. No 2º Grau (ou “Ensino Médio”, como se diz hoje), fizemos o Magistério, no Colégio São José. Um colégio que tinha uma preocupação muito bacana com a formação do caráter, com a criatividade, solidariedade, espírito crítico... (na minha opinião, bem melhor do que a preocupação fanática e estressante com o vestibular!). Adorava lidar com crianças e pensava em dar aula.

Nesse período, acompanhava meu pai nas lutas da comunidade e em reuniões políticas. Sabia que algo me contagiava dia a dia. A vontade de fazer algo para diminuir tantas desigualdades e lutar por um mundo melhor. Quando chegou o momento do vestibular, e eu não tinha certeza de que curso fazer. E, observando que várias pessoas, que eu passei a encontrar nesse caminho de busca pela justiça, estudavam na Faculdade de Direito, optei por esse curso na Universidade de Caxias do Sul. Estudei um ano e esse curso me deixava inquieta demais. Enquanto teorizávamos tudo, o mundo lá fora apresentava sempre mais problemas e eu me sentia presa.
E a história continua no próximo capítulo.